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24 de Abril de 2024
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    ADOÇÃO

    há 13 anos

    Crianças mineiras, com destaque para as que vivem em abrigos de Teófilo Otoni, encontram nos estrangeiros a chance de ter uma família

    Teófilo Otoni, a 446 quilômetros de Belo Horizonte, no Vale do Mucuri, é a cidade mineira que tem o maior número de meninos e meninas adotados por estrangeiros. Das 280 crianças nascidas no Estado e levadas para lares do exterior nos últimos sete anos, 71 eram deste município, o que equivale a 25%. E a grande maioria apresentava um perfil normalmente rejeitado pelos brasileiros: negra e maior de 8 anos.

    O principal destino é a Itália – 78% das adoções do Estado, totalizando 220, desde 2004, foram feitas por italianos. Os franceses aparecem em segundo lugar, com 25 adoções – 8,9% do total.

    A quantidade de crianças e adolescentes de Teófilo Otoni que consegue um novo lar no exterior representa 25,3% do total. A cidade do Vale do Mucuri ganha até de Belo Horizonte, que, nesse período entregou a estrangeiros 43 crianças, o que equivale a 15,3% das adoções no Estado.

    De janeiro a 12 de abril deste ano, foram 18 decisões judiciais favoráveis à ida de crianças e adolescentes de Minas Gerais para o exterior. Destas, 12 eram de Teófilo Otoni, duas de Belo Horizonte, duas de Timóteo e duas de Ipatinga.

    Levantamento inédito da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja), órgão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), mostra que os italianos também lideram a lista de pretendentes por crianças mineiras. Nos últimos três anos, dos 203 estrangeiros que demonstraram interesse em acolher os meninos e meninas que vivem em abrigos do Estado, 80% eram da Itália.

    E os números mostram que os italianos vão continuar abrindo as portas de seus lares para as crianças mineiras. Neste ano, dos 33 estrangeiros que declararam interesse em adotar, 23 eram daquele país europeu.

    A coordenadora de Apoio do Ceja, Liliane Maria Lacerda Gomes, garante que não há nenhuma irregularidade nas adoções autorizadas pela Justiça de Minas Gerais. Ela explica que atuam no Estado 14 entidades, todas autorizadas pelo Governo federal, e que fazem a intermediação dos estrangeiros interessados e repassam as informações das crianças e adolescentes que não conseguiram uma nova família no Brasil. De acordo com Liliane, nove entidades italianas atuam em Minas, motivo de este país liderar as adoções.

    “Antes de uma adoção para o exterior ser autorizada, a família ou interessado tem que ficar com a criança ou adolescente por um período mínimo de 30 dias. Neste prazo, é feita uma avaliação por profissionais de diversas áreas”, afirma Liliane Gomes. Mas nada adianta se o menino ou menina não desejar ir para o exterior. Além disso, a adoção estrangeira só acontece depois que não há interessados no Brasil.

    Esforço para conseguir acolher as crianças

    Sobre o índice de 25% de crianças de Teófilo Otoni que foram para o exterior, a coordenadora do Ceja afirma que as autoridades da cidade se empenham para conseguir um lar para as que vivem nos abrigos.

    Ainda segundo Liliane Gomes, mais de 90% das adoções são de crianças com mais de 8 anos, perfil normalmente rejeitado pelos brasileiros. Levantamento divulgado na semana passada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) revela que Minas é o terceiro Estado com maior número de menores aguardando adoção. São 550 crianças e uma lista de 3.253 interessados – uma para cada 5,9 interessados.

    VIDA NOVA PARA IRMÃS

    O destino reservou uma surpresa para as irmãs Isabella e Ana Clara*, de 7 e 3 anos, respectivamente. Após serem abandonadas pelos pais biológicos, vão ganhar nova família e novo lar a partir do próximo mês.

    Um casal de italianos se sensibilizou com a história das duas crianças, que há quase três anos vivem no Centro de Acolhimento e Defesa da Criança e Adolescente de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri.

    As meninas foram encaminhadas para a instituição pelo Juizado da Infância e Adolescência da cidade após receber denúncias de maus-tratos. Elas passaram a integrar o Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes. Na época, Ana Clara era recém-nascida.

    Na nova casa, as irmãs dizem que querem brincar de bonecas, como as outras meninas da mesma idade fazem. “Estou treinando para quando crescer ser professora”, conta Ana Clara. Tímida, Isabella diz estar ansiosa para conhecer os novos pais, que chegam ao Brasil nas próximas semanas e vão passar por um período de adaptação de 30 dias antes do embarque definitivo para a Europa. “Eles são bonitos, vão cuidar da gente”, diz Isabella.

    “Mantemos contato com os pais adotivos por meio da internet. Não há caso em que a criança, após deixar a instituição, não tenha se adaptado e quisesse voltar. Todas estão muito bem”, comemora a assistente social Luciene Silva Lopes.

    * Nomes fictícios

    Transcrito do Jornal “Hoje em Dia” (24/04/2011)

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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/adocao/2658370

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